a million parachutes

for us

21 março 2006

:: partimpim



ando ouvindo muito esse disco da adriana calcanhoto. não sou muito fã da cantora (muito mais por ignorância do que por gosto), mas esse disco me surpreendeu.

a cantora elegeu um playlist ótimo, com nomes consagrados como chico buarque e edu lobo ao lado de gente nova como domenico. mas a sacada do disco é a linha guia que permeia o disco, o conceito como diriam alguns. partimpim é uma personagem, um heterônimo na qual se veste a cantora para atingir, a principio, o mundo lúdico das crianças. até aí você pode pensar que é um disco infantil. mas essa precipitação pode tirar a genialidade desse trabalho.

o primeiro acerto é que partimpim não é uma criança, mas alguém que conversa com uma. não se pode subestimar a inteligência delas. e essa sinceridade torna o disco da adriana calcanhotto de uma sensibilidade imensa. o segundo acerto foi o repertório moderno, nada de cantigas do tempo da vó. hoje as crianças são outras, ouvem de tudo que passa na rádio e na tv. a cantora todavia não cai na fácil atração. ela é doce.

o terceiro acerto é que a as crianças para quem adriana calcanhotto canta não são apenas aquelas que não desenvolveram seus joelhos ou que possuam os leites da dentição. a cantora fala com pedaços de criança, com resquicios, com tudo que a gente vai deixando para trás na direção quase inevitável do adulto.

e por último, considero o disco um dos mais filosóficos que já ouvi. não no sentido acadêmico do termo. mas como visão de mundo. há tantas perguntas nesse disco quanto observações inusitadas. esse disco não dá vontade (ou nostalgia) de querer ser criança de novo. é um exercício para a criança que nunca deixamos de ser.

canção da bailarina


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