a million parachutes

for us

16 fevereiro 2006

:: positivo/negativo

porque pode ser que você me ame um pouco. algo como um resíduo. não é uma coisa que sugira mudanças. talvez nem manutenção. mas é algo pequeno e imperceptível. como mancha na pele que o comercial de cremes na tevê afirma com tranqüilidade que é possível ser retirado. é possível até ser retardado. você me ama muito pouco e com adiamento. é assim que me ama. porque agora não é provável e nem é preciso que me ame. falar que gosta bastante é o suficiente para que se mantenha um bom contato até que a manche incomode.

ou talvez você queira me amar tanto, mas não consegue. e aí esconde muito mal para si mesma os meus defeitos. acaba os descobrindo com facilidade que talvez se conveça que tenha sido óbvio demais. tão demais que é um sinal para não me amar. dizem os mais velhos que complicação demais não é bom. mas complicar é uma forma bastante eficaz de desacreditar na razão e aceitar as paixões por ser a última saída. assim como chamar mancha na pele de tatuagem.

ou talvez você me ame demais. a ponto de não achar possível que possa haver tanto amor assim concentrado e fluente. e tenha medo de que acabe, de que dilua, de que transforme e de que deixe de ser amor para ser outra coisa além. mas não coisa além do amor. inventaram amor para denominar todas as coisas, circunstâncias, condições e sentimentos que vão além. para ser amor, tem que ser além de alguma coisa. por isso que pouco não soa amor.

mas apesar de tudo isso, você não consegue explicar como o amor se perpetua através do que é claro, do que é escuro e do que é cinza. e ao invés de fazer uma tatuagem, você prefere dizer que eu sou a tatuagem que fugiu da sua pele. e que eu desboto e preciso de reparos, poucos.