a million parachutes

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02 fevereiro 2005

:: o amor segundo violeta

quem já conversou com violeta sabe que não é mulher dada a muito sentimentalismos, mas quem conhece, sabe que ela é uma pessoa que o amor é bastante fundamental. não que ela vivesse apaixonada, de maneira alguma, pode-se contar nos dedos os seus amores. mas a todos eles violeta estirpou algo de si, deixou pedaços e em todas essas carnes pulsa sangue, mesmo que não seja propriamente o dela.

sempre viveu muito só e às vezes reclamava dessa situação, mas argumentava sobre a falta de praticidade de não ter alguém. porque violeta podia ser muito independente -- e era mesmo! ela comprava sua própria comida -- mas reconhecia que estivesse mais segura nesse mundo se tivesse alguém para tratar suas feridas. porque violeta tinha algumas boas feridas.

então violeta conheceu jacob, um homem bom e que tinha carreira longa pela frente. era professor de biologia, mas estudava bastante para dar aulas em faculdade. violeta até que tentou não se apaixonar, mas jacob muito inteligente lhe seduziu com argumentações. a principio, violeta se sentiu segura com a praticidade de amar alguém assim. depois, foi fácil perceber que jacob estava realmente apaixonado.

viveram felizes bons 2 dois anos até que jacob encontrou outro alguém. ele argumentou muito bem que não poderiam mais ficar juntos e ela, mulher muito prática, reconheceu as dificuldades e desatou o compromisso. é sabido que meses mais tarde, jacob tentara voltar para violeta, mas ela usou os mesmos argumentos dele para lhe dizer um não.

violeta me contou essa história enquanto tomávamos um café numa padaria com certo movimento. as pessoas que passaram e que ouviram um pouco da nossa conversa provavelmente não diriam que falávamos sobre amor e relacionamentos. depois que acabou o seu relato e uma breve explicação sobre um amor correto, ela ficou em silêncio, fitando e saboreando o café naquele copo americano.

-- vi, o amor tem solução? perguntei tentando quebrar o silêncio.

ela se virou e estranhou. era a primeira vez que eu falava a palavra amor em nossa conversa. e para ela foi como se o amor fosse uma novidade. ela sorriu. queria saber mais desse amor que vinha da minha boca e com timbres diferentes. fiquei sem graça. ela respondeu:

-- talvez o amor não exista. o que existe são pequenos pedaços de um todo que nunca vai ser como deve. mas se for esperto, estes pedaços serão em si um todo seu.

ou algo assim.