a million parachutes

for us

27 janeiro 2005

:: não sei sambar

querida, não sei sambar,
não sei levar a vida nas pontas dos pés.
o meu rebolado é uma contravenção
e passa disritmia de saudades.
minha síncope não dá molejo,
é simplesmente falta de ar.
não sei levantar a mão
e pedir que me leve, querida.

e quando se abre a roda,
e todos pedem para o céus
suas graças ou agradecimentos,
eu só vejo a gramática dos corpos,
a poesia doida dos seus pés
que vão se aproximando de mim...

batuca-me, batuco-te.

sou desses que gosta do samba machucado
e evita machucar.
mas quando a vida -- querida -- pede,
eu não sei sambar,
mas sambo mesmo assim.