a million parachutes

for us

24 dezembro 2004

ana,

é natal, ana. veja só. mesmo que me digam que o mundo inteiro está envolvido num consumismo desenfreado, talvez haja alguns gatos pingados com boa vontade. essas datas não nos servem para muita coisa, mas talvez o mérito seja a lembrança de que, apesar dos pesares, temos escolhas. resolvi aprender a nadar, porque decidi que de água não vou morrer. também decidi que da bete (o meu trompete) tirarei notas musicais bonitas. se essas coisas acontecerão, não posso dizer. mas ninguém vai poder me dizer o que sentir.

lá fora é uma vida, né? e talvez essa vida se integre melhor a nossa. lá fora vai ser como aqui dentro. e os tempos que contamos serão outros. outro dia, ana, achei que meus cabelos estavam caindo. o ralo do chuveiro quase entupindo. mas ele continua crescendo com ferocidade. a gente tira exemplos até de alfinetes e fotos 3x4. a questão é se a gente se segue. a gente é muito independente para ficar seguindo exemplos, né? então a gente fica perseguindo liberdades alheias desejando que nos pertencessem. mas, ana, é natal. não falaremos de liberdades.

vamos falar de uma neve que nos é indiferente. ou de como as lágrimas se tornam tão temperadas nessa época, seja por causa da solidão, seja por causa de quem nos aquece sem querer. feliz natal, ana. feliz. ana, felicidades. ana.

márcio