a million parachutes

for us

12 agosto 2004

:: release

estava indo a pé do centro cultural são paulo até o terminal parque dom pedro 2. a rua vergueiro é uma reta que desemboca na praça da sé. fazia frio, mas como ando sem nenhum condicionamento físico, acabo não perdendo a oportunidade de caminhar um pouco. tenho meu diskman com os prediletos do dia e um tênis que amortece meus passos mais pesados. é nesse momento que converso um pouco com a cidade. ela me conta o que faz de seus loucos.

caminhava quando uma angustia se apoderou de mim. pensei que era o frio e levantei minha gola da jaqueta. mas não era o vento cortante. senti meus cabelos frágeis e meu coração palpitante. queria me esconder, riscar meu nome do rg. parecia naquele momento que todos me conheciam e que já haviam se precavido de algo que nem eu sabia o quê. achei que talvez fosse melhor mesmo que não soubesse. apressei o passo, esqueci dos cheiros. os semáforos amarelos, hesitantes. pensei que talvez ninguém mais deveria me amar assim sem por quê. talvez fosse melhor que tivessem motivos.

acalmei-me quando entrei no ônibus. tirei um pedaço de papel e comecei a rabiscar qualquer coisa que pudesse me acalmar. escrevi seu nome e não coloquei ponto final.