a million parachutes

for us

16 maio 2004



ana,

do outro lado do rio tietê há uma são paulo imaginária. aqui não há mar, talvez nem haja céu que possa ser. atravesso os viadutos -- é o que posso fazer para me levar -- e lá do alto penso que se voar as coisas se tornam até mais próximas. sempre que estou em lugares obliquos assim me parece que posso tocar o imponderável. imagino uma barcaça no rio que vá para o mar, o tietê não deságua no mar. bem verdade, não sei onde vai parar. onde você está agora? me pergunto. do lado de lá do viaduto.

e quando atravesso essa cidade é como se atravessasse alma e talvez mundo. sei que é tudo é bem maior do que costumo enxergar. tenho visão limitadíssima pela própria condição. mas talvez eu possa ouvir seu coração daqui.

é bonita, não vou pintar uma ana senão bonita.

penso em você e sei que é forçada de barra imaginá-la nessa cidade tão cinza quanto a minha alma. mas essa cidade, como você, teima em buscar cores. a são paulo imaginária em que você mora foi embora também atrás dos seus próprios sonhos.

márcio