ana,
do outro lado do rio tietê há uma são paulo imaginária. aqui não há mar, talvez nem haja céu que possa ser. atravesso os viadutos -- é o que posso fazer para me levar -- e lá do alto penso que se voar as coisas se tornam até mais próximas. sempre que estou em lugares obliquos assim me parece que posso tocar o imponderável. imagino uma barcaça no rio que vá para o mar, o tietê não deságua no mar. bem verdade, não sei onde vai parar. onde você está agora? me pergunto. do lado de lá do viaduto.
e quando atravesso essa cidade é como se atravessasse alma e talvez mundo. sei que é tudo é bem maior do que costumo enxergar. tenho visão limitadíssima pela própria condição. mas talvez eu possa ouvir seu coração daqui.
é bonita, não vou pintar uma ana senão bonita.
penso em você e sei que é forçada de barra imaginá-la nessa cidade tão cinza quanto a minha alma. mas essa cidade, como você, teima em buscar cores. a são paulo imaginária em que você mora foi embora também atrás dos seus próprios sonhos.
márcio
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