a million parachutes

for us

06 fevereiro 2004

:: varal

pendurei um grande pano branco no varal que os vizinhos chamaram de lençol. nele eu comecei a escrever sobre suas habilidades e anseios. desenhei seu sorriso e a forma de sua perna. pintei a cor que você desejou seus cabelos e costurei alguns retalhos que poderiam representar suas lembranças. essas manchas vieram com o vento e a canseira da cidade grande.

de manhã, toco uma música feliz e você parece amarela. de noite, uma coisa mais triste e você azula.

deixo uma cadeira muito próxima. fico sentado esperando que seu tecido me acarecie. ou que lhe dê forma a palavra ou o vento. ou que se liberte e fuja. ou que só me encubra numa noite fria. o que vier primeiro.