a million parachutes

for us

13 fevereiro 2004

:: não há tanto porquê

acho que penso de um modo antigo e tomo ares de melancolia naturalmente aos olhos outros. não aspiro liberdade ou relações perigosas. sou, como diz musil, um homem sem qualidades. vivo uma vida até bem ordinária: compro pão, lavo roupas, não gosto de passar, mas passo, fico algumas horas na internet e sou curioso por livros e filmes. às vezes vem parar em minha mão um assunto delicadíssimo qualquer com o qual encaro como desafio ou como desalento. sonho com outras vidas que podia ter tido. mas sonho mais com essa que estou tendo. evito muito as afirmações com medo de estar errado. pergunto mais do que sei responder. não gosto de testes de q.i. e acabei me viciando em café.

já pensei em deixar os domingos para arrumar os erros de português, mas é o horário dos melhores seriados de tevê.

não tenho talento algum para qualquer coisa mais arrebatadora. vejo graça nas coisas contidas e ordinárias. me divirto colecionando conselhos e bilhetinhos escritos a mão. me acho bastante solitário, mas não o suficiente para me fazer mal ou para aborrecer as pessoas. aborreço pouco, vou aprendendo.

do mais, acho que essas histórias que eu conto são muito mais interessantes do que parecem. vai ver que eu me emociono deveras com elas porque eu as testemunhei de alguma forma. contar assim não tem tanta a força, mas é um registro. invejo alguns autores que fui conhecendo, queria ter o frescor das palavras. mas me conformo porque pode ser um trabalho útil esse de catador de acontecimentos.

e como disse, me contento com muito pouco e me divirto pacas.