a million parachutes

for us

15 dezembro 2003

:: sras e srs, o cronista

quando criança, temos esses desejos irresponsáveis de profissões aventureiras. o que você vai ser quando crescer? jornalista, bombeiro, escritor, ator, policial, presidente e artista. quando estamos dando os primeiros passos no caminho do mundo é vontade nossa sermos guiados por heróis. conheci uns poucos que gostariam de ser pai ou mãe... já ouvi quem dissesse que gostaria de ser tia por ser filha única.

hoje comprei a edição nova das "200 crônicas escolhidas" do rubem braga e percebi que ser cronista é um desejo infantil meu. um desejo que permanece em cada observação que tento fazer acerca do mundo. amo as crônicas de rubem braga. lembram-me drummond, mas com mais serenidade. sorrio sempre depois de cada crônica lida. tenho vontade de chorar às vezes. era isso que gostaria de provocar com estes posts. tento, enfim.

mas não sou cronista. há na crônica refinamentos que consigo pouco. um pouco de história, documento, poesia, sensibilidade. acredito que há na crônica não só o registro do tempo que nos ronda - o tempo meu, dos meus amigos, da minha família, das minhas resistências e lutas, dos fracassos e perdão -- há também o registro de um transbordamento comum na vida cotidiana, mas que nos foge pelo ralo desse mesmo tempo.

há o lápis, a caneta e o papel. e há o mundo lá fora acontecendo, pedindo para nós que façamos acontecer. se há alguma invenção, não se preocupe, o mundo é todo invenção. o cronista só pede que ele envelhaça junto com o tempo repartido dos amigos.