a million parachutes

for us

04 dezembro 2003

retrospectiva _ o não-lugar

sentimento de estrangeiro. pergunto-me se faço parte de alguma conspiração. não me encaixo. adapto-me, mas é muito mais que imperfeito. sou deslocado, não me reconheço no lugar, se é que isso é possível para alguém.

é como se não tivéssemos casa. como se nossas aspirações não pertencessem a parte alguma. muitos chamam isso de liberdade. não pertencer, embora não soe obscuro, é extremamente desconfortável. será possível sentir-se confortável nesse mundo? como o sofá que pertence àquele canto da sala, como o pires ao seu conjunto de louças na estante. somos como fugitivos, andarilhos de um deserto-prisão.

o que faz um lugar ser nosso? que tipo de apego é necessário para tão ousada posse? sinto falta de lugares que não conheço ou conheço pouco. os lugares em que se encontra, passa ou sonha. os lugares possíveis de nos encontrar.

o que resta para nossa casa é o coração de alguém. assim como arrumamos o nosso para que seja morada também.

(fevereiro de 2003)