:: variações de les petites plaisirs de la vie
_ exceto ana e andrea
hoje é um dia avesso. na verdade, o dia mais esperado. eu gostaria de não me importar tanto. mas me fazem importar. atraso. talvez nem se deêm conta. ou talvez eu esteja deixado loucos. ela também virá. olhos grandes. estamos atrasadas. a pressa não nos quer conter. ouço cantos, ensaiam. já tive ensaios também. mas a andrea também não se inscreveu no coral. não sabiamos se precisávamos do coral. não precisamos. todas estão de branco, cantam preces bonitas. a andrea e eu cantamos outras preces, em silêncio, falta combinar um letra de amizade. sim, somos amigas.
estou correndo. vejo andrea do outro lado, na escada contraria. encontramo-nos no pátio vazio. todos já começaram. não fizeram tanta questão de nos esperar. ofego. um cansaço na batata da perna direita. acho que andrea notou, mas somos fortes, temos poucas dores. e é um dia de comemoração e não de dores.
mas é triste. isso é tristeza, acho. o período desde que nos conhecemos até agora parece enfim fazer sentido. acabou. cada um deve seguir seu caminho e cada vez mais o tempo nos fará menos convivas. vou jantar na casa dela as vezes, ela vai lembrar do meu aniversário. que triste só marcar os aniversários como certeza de encontro. se eu chorasse um pouquinho, talvez ninguém notasse. a andrea também pode estar chorando. chora sim. porque entendo o que seu silêncio diz, esse silêncio subtraída de choro.
a cerimônia acaba. nos despedimos. vou lembrar sempre disso tudo. talvez o tempo não enfraquecerá essa tinta das paredes da memória. o meu rosto permanecerá assim o rosto dela. mixo as nossas gargalhadas com conversas malucas e sem cabeça. os amigos comuns serão referência. saberei sempre acredito. vou acreditar.
o tempo passa. passa. cada dia tenho a noção do temporário. o céu, lembro-me do mesmo céu de formatura. "fodam-se todas elas", provavelmente dirá uma grande amiga do colégio, a andrea.
encontro-a numa festa. está bem. pousa bem para fotos, coisa incomum anos atrás. digo oi. saudosas estamos. percebo então a solidão no contraste desse reencontro. sim, é mais fácil perceber sombras quando há luzes. encontro nela um mundo e um pacto. eu o fizera no silêncio que fundamentou nossa amizade.
_ exceto ana e andrea
hoje é um dia avesso. na verdade, o dia mais esperado. eu gostaria de não me importar tanto. mas me fazem importar. atraso. talvez nem se deêm conta. ou talvez eu esteja deixado loucos. ela também virá. olhos grandes. estamos atrasadas. a pressa não nos quer conter. ouço cantos, ensaiam. já tive ensaios também. mas a andrea também não se inscreveu no coral. não sabiamos se precisávamos do coral. não precisamos. todas estão de branco, cantam preces bonitas. a andrea e eu cantamos outras preces, em silêncio, falta combinar um letra de amizade. sim, somos amigas.
estou correndo. vejo andrea do outro lado, na escada contraria. encontramo-nos no pátio vazio. todos já começaram. não fizeram tanta questão de nos esperar. ofego. um cansaço na batata da perna direita. acho que andrea notou, mas somos fortes, temos poucas dores. e é um dia de comemoração e não de dores.
mas é triste. isso é tristeza, acho. o período desde que nos conhecemos até agora parece enfim fazer sentido. acabou. cada um deve seguir seu caminho e cada vez mais o tempo nos fará menos convivas. vou jantar na casa dela as vezes, ela vai lembrar do meu aniversário. que triste só marcar os aniversários como certeza de encontro. se eu chorasse um pouquinho, talvez ninguém notasse. a andrea também pode estar chorando. chora sim. porque entendo o que seu silêncio diz, esse silêncio subtraída de choro.
a cerimônia acaba. nos despedimos. vou lembrar sempre disso tudo. talvez o tempo não enfraquecerá essa tinta das paredes da memória. o meu rosto permanecerá assim o rosto dela. mixo as nossas gargalhadas com conversas malucas e sem cabeça. os amigos comuns serão referência. saberei sempre acredito. vou acreditar.
o tempo passa. passa. cada dia tenho a noção do temporário. o céu, lembro-me do mesmo céu de formatura. "fodam-se todas elas", provavelmente dirá uma grande amiga do colégio, a andrea.
encontro-a numa festa. está bem. pousa bem para fotos, coisa incomum anos atrás. digo oi. saudosas estamos. percebo então a solidão no contraste desse reencontro. sim, é mais fácil perceber sombras quando há luzes. encontro nela um mundo e um pacto. eu o fizera no silêncio que fundamentou nossa amizade.
<< Página inicial