a million parachutes

for us

12 fevereiro 2003

ambos deitados na cama, olhando para o teto. e de vez enquando se olhando.

:: diálogos noturnos

# 01

ele : talvez vc me aceitasse melhor seu eu fosse outro tipo de pessoa.
ela : talvez.
ele : provavelmente se eu fosse outro tipo de pessoa eu não te amaria tanto assim.
ela : não acho.
ele : então, como ficamos?
ela : ficamos.

#02

ele : tudo está perdido?
ela : nem tudo.
ele : o que não está?
ela : o que te encontrei.

#03

ela : gostaria de vencer ao menos uma vez.
ele : por quê?
ela : há algo de nobre em vencer.
ele : entendo... mas acredita que estamos vencidos?
ela : acho provável. por que tanta ânsia então?
ele : bom, porque... vencemos demais?

#04

ela : acho que preciso mudar minha atitude quanto a vc. preciso dizer mais claramente o que sinto, o que ando fazendo.
ele : precisa.
ela : falar melhor dessa falta que ando sentido, que não quero chamar de solidão porque não é.
ele : é, nem é.
ela : mas que me oprimi, me aperta o coração feito aparelho de medir pressão. não há pressão, mas é que o humor se esvai, sabe? tento e tento mas o dia-a-dia é fortuito para que briguemos cada vez mais.
ele : fortuito...
ela : acho que vc precisa prestar mais atenção não a mim, mas a si mesmo. pq as coisas que faço te atingem e quero que saiba que as coisas q vc faz me atingem também.
ele : eu sei.
ela : por isso ficarei em silêncio, te ouvindo, te vendo, te reconhecendo, uma vigilia até que possamos consentir na coisa certa para se dizer.
ele sim, a coisa certa.