a million parachutes

for us

10 agosto 2006

:: palpebra

sempre que minha pálpebra começa a tremer, sinto uma necessidade estranha de escrever. num primeiro momento, ocorre-me perguntar por que o meu olho tem um comportamento tão estranho, mas depois percebo que não é tão estranho, que costumo tê-lo de quando em quando e que talvez a vontade de escrever encontre um pretexto em alguma disfunção neural do meu olho. posso acusar o estresse, cansaço ou ansiedade. ou algo desconhecido, mas que possui alguma linha racional, médica ou filosófica, que explique o tremer.

mas depois eu percebo que não quero falar do meu olho que insiste em tremer, mas sim de um tempo em que as minhas tremedeiras estavam relacionadas com conflitos da vida, com amores que se desenrolavam e fluiam como uma longa sinfonia, com projetos para satisfazer uma inquietação que torturava, mas fazia o coração aprender o sim.

e lembro de quando tocavam o meu rosto e não suspeitavam pela falta de tato usual que as tremeiras da minha pálpebra acalmavam-se com um simples desfoque do que era e do que poderia ser.