a million parachutes

for us

19 agosto 2006

:: fundamental

ser padrinho. é um convite estranho, novo. não me lembro de ninguém que me convidasse para este tipo de função. sempre pensei que passaria pela vida das pessoas como uma lembrança liquefeita, mas boa. "ah, o márcio, lembro. gente boa. ele tinha uma risada engraçada". acho que nunca fiz por merecer qualquer coisa assim tão precisa. nunca fui preciso em muita coisa, nunca fui realmente fundamental. acho que já dei alegria às pessoas, mas nunca felicidade. acho que não faz parte da minha índole ou sempre cultivei uma felicidade que não é do tipo fundamental.

é por isso que a idéia de casamento também me soa estranha. há pessoas que já foram tão fundamentais na minha vida mas que não faz sentido convidar. como não costumo comemorar meus aniversários, já pensei em um dia, chamar todas as pessoas que me foram fundamentais para um evento único. uma reunião de acordo com a minha historiografia e não apenas com a ocasião do hoje. eu não iria celebrar a mim, mas uma vida com amadas e boas pessoas fundamentais.

depois quero visitas dispersas, a sós ou pequenos grupos, porque vou comprar um aparelho de chá pequeno e me dedicar em focar nas minucias de conversas longas e aconchegantes. ouvir as pessoas me dizerem sem graça que a vida é muito corrida para nos encontrar com a freqüência ideal -- e eu achando ideal que seja assim mesmo. e desfrutar o que me é fundamental: amá-los em detalhes.