a million parachutes

for us

03 novembro 2005

:: visita

olá, faz tempo que não passo por aqui. vim-lhe dizer olá e perguntar como está. como você mesmo disse, somos pessoas muito práticas. juntamos um tanto de saudades e antes que se torne falta, resolvemos com uma visita, comentário no blog, um telefonema, um bilhete, um scrap de orkut, uma mensagem em software de janela escondida. uma ou outra vez, anotamos em algum papel os assuntos que gostaríamos de conversar se tivéssemos tempo para nos encontrar. é-me muito suspeito essa desigualdade demasiada entre os assuntos e o tempo uma vez que os assuntos também estão a merce do tempo. mas aí você me dirá que nossa vida é como a música: muitos sons sobrepostos que formam um fluxo que nos faz sentido muitas vezes. e que esses encontros são as pausas e silêncios que as músicas costumam ter.

sim, segui seu conselho e comprei roupas novas. o cabelo está crescendo a minha revelia, como muita coisa estou deixando. da última vez, você me sugeriu salada porque eu não estava cuidando muito bem de mim mesmo. veja só: descobri as feiras livres. e mesmo que eu não tenha muita prática, gosto de passear por lá. você deveria renunciar a esses supermercados. é uma sensação boa atravessar algo que não estará mais lá. é como uma pequena fenda na geografia de seu bairro. comprei morangos e espertos como são, os feirantes já me deram receitas de caldas para que eu pudesse voltar e comprar mais morangos. pensei: voltarei? sim porque mesmo que a tarde todos tenham indo embora, na semana que vem, eles voltam. assim como você não consegue deixar de ir na minha casa para roubar a agenda cultural das últimas sextas-feiras do mês.

mas confesso que senti saudades nesses últimos tempos. encontrou outro que pudesse roubar as informações do cinema? eu também tenho ido pouco. outro dia estava na frene de um, olhando os cartazes e imaginando a qual filme você assistiria. está tudo muito caro e carteirinha de estudante vence daqui a pouco. acabo guardando o pouco para a feira essa que é caminho da sua casa, pensando em comprar morangos e deixar na sua porta.

olha, também trouxe a agenda cultural. está encartada junto com o caderno do carro. peguei o segundo caderno e o de empregos.

bom, já vou indo. espero que me visite em breve. e se vier atravessando a feira livre, no inverno, não se iluda: não é época de morangos bons. prefira o cinema.