a million parachutes

for us

24 novembro 2005

:: madeleine

quando madeleine começou a cantar, fui tomado por vibrações em todos os cantos do meu corpo. meu coração apertou-se como as crianças fazem desconfiadas de até onde podem apertar. meus pés acompanhavam o compasso da música e eu sabia algumas letras. era como se eu já tivesse visto o show muitas vezes, como se já conhecesse madeleine e pudesse lhe falar. alguns momentos eu voltava a mim e mergulhava na minha timidez. mas quando ela cantava, eu me tornava familiar a mim mesmo. como se uma felicidade torta e de última hora sentasse ao meu lado e segurasse a minha mão para também ela acompanhar o compasso.

quando fui embora, nem me despedi, absorto que estava. estava pensando se sou tão tolo de ter desistido da felicidade. porque é um auto-engano achar que ela não existe ou pelo menos não existe em forma de pulso. ou se o engano é para essas surpresas. embora ninguém tenha me acompanhado para vê-la e a solidão ter sido das mais obliquas, pude levar toda uma noite de blues e amores no meu corpo que ainda resiste e faz compasso.