a million parachutes

for us

11 outubro 2005

:: chama

muitas pessoas me contaram nestes termos, mas lembro-me das palavras de ligia: há algo na alma que é parecido com uma chama. queima com violência e ilumina os que estão em volta mesmo que a si mesmo não consiga libertar. e se apaga como é a natureza das chamas.

e lembro também de ligia, sentada e triste, olhando para seus pés e depois para seus dedos e depois tocando seu rosto e fazendo fechar seus olhos e desarrumando timidamente o cabelo, esperando que sua chama se apagasse. deixava cair os braços em seu ventre, tombava de lado e deitava. ela esperava que soprassem e que virasse apenas gás carbônico.

hoje penso na minha chama e o quanto é rarefeito o ar que a alimenta. penso em ligia e na chama que não se extinguiu. penso se é essa a melhor figura de linguagem para falar do que fazia ligia uma pessoa tão especial. poderia falar de tempestades, estações do ano, do sol e das cidades. não sei. sou um todo não sei e não importa se estou aceso ou não.

mas toda vez que adoeço, meço a minha temperatura e é ligia que me deixa febril.