a million parachutes

for us

06 outubro 2005

ana,

já faz um tempo que não lhe escrevo, esperava envelhecer algumas notícias para já lhe enviar maduras e embaladas em jornal de hoje para você saber o quanto estavam maduras. e tenho até novidades, mas nada que mereça tanto sua atenção ou ser embrulhada com qualquer papel que seja.

recebi com alegria suas fotos: o farol, o mar, o campo de golfe, londres, glasgow, suas meias e seu cigarro aceso. também me prendeu a curiosidade uma máquina de lavar, muito mais pela localização na casa do que por ser um eletrodoméstico de aparência tão diferente para esses meus olhos que não conhecem o antigo.

tem dias que de tarde me bate uma saudade que parece susto. de repente me pergunto se ana estará bem, se sua solidão ainda lhe diz sensatez ou se já deixou que os insensatos a resignarem. se está com frio, se lhe aborrece os dias iguais. se presta atenção no relacionamento do farol e das naves. se esta comendo bem ou se pensa em mim.

na correria dos meus dias, uma doença estranha tem me aborrecido. sigo amando e desamando. embora não tenha tido muito ânimo para as coisas que me fizeram o que sou . cansei de mim e as pessoas também cansaram.

sonhos, ana, de que são feitos? não sei mantê-los em mim. eles me dizem adeus.

mas de nós dóis, tenho essa aventura de encontrá-la em tóquio, mesmo que possa desencontrar depois.

saudades

márcio