a million parachutes

for us

18 outubro 2004

ana,

não fiquei surpreso ao descrever o estado da nossa casa. eu também me descuidei. penso muito nela, nas metáforas nuas de paredes, no jardim onde imaginei você cuidando da terra sendo você tão avessa a raizes. alikam e sebastião não fugiram, soube que eles também seguiram seu exemplo e foram ver o mundo, mesmo que seja o dos cães.

estou organizando a minha volta. talvez nos desencontremos como sempre. se quiser, ana querida, podemos reconstruir a casa mesmo que para um outro dos seus vendavais levar. posso arquitetar algum teto para que se proteja ou se esconda, mas não garanto a secretalidade, afinal muitos a procuram e alguns mais engenhosos acabam encontrando. o resto podemos reconstruir, talvez com outras pretensões, talvez com outros materiais, talvez com outros desejos. deixe o que puder recuperar numa caixa e faça uma lista do que será necessário obter. talvez seja a hora também de listar o que precisamos inventar.

é bom ter noticias suas, ana. deixe cópias de novas chaves perto de alguma fundação mais sólida. se desenhar uma indicação com seus lápis de cor, encontrarei com mais facilidade.

márcio