a million parachutes

for us

23 setembro 2004

:: bilhete

a gente se conhece há tanto tempo, não? e você foi pegando sentimento por mim, aos poucos, mas de forma desordenada. nunca lhe dei motivos para gostar de mim e você foi gostando como quem descobre margarina nova com gosto antigo e bom. eu ria um bocado e era mais rápido nas tiradas, mas você nem se importou quando fui me desmontando e virando outra coisa menos divertida. anda ocupada, eu sei. mas reserva, como pode, um tempo para mim nem que seja em pensamentos.

e você sempre com essa força de levantar e enfrentar o dia. espera que o mundo lhe seja bom porque é muito bondosa para o mundo. evita misturar o lixo e os banhos demorados. acredita nas crianças, as mais perversas. acredita nos homens, os mais ferozes. acredita nos desiludidos, porque conhecem os tropeços da ilusão. acredita na fé porque há qualquer coisa amorosa em ter fé.

e eu não consigo explicar como a gente resiste ao tempo e a distância. ficamos velhos, mais adulto, com menos tempo e mais afastados, mas continuamos. como se resistir fosse algo natural às leis da amizade. do olho esquerdo cai uma lágrima que o olho direito continua com outra. assim vamos sendo esvaidos para que o oceano de outro ano mantenha os icebergs dos polos e o nível das marés.

felicidades, van.