:: quarta-feira de cinzas
não é que eu não vá embora. eu não tenho para onde ir. já pensei em ir para o mundo -- penso ainda -- mas o mundo nem liga para essas minhas vontades. eu sempre falo de liberdade, mas eu só falo daquelas que não tenho. mesmo quando falo que tenho, é mentira. quase nunca falo das liberdades que tenho porque estaria dizendo verdades. falo às vezes das liberdades verdadeiras para realçar o quanto mentirosas são as liberdades das quais falo. sim, sim. eu não tenho para onde ir. e isso é uma grande mentira.
eu passei o carnaval inteiro mentindo para mim mesmo. não usei nenhuma máscara e para ser quem eu sou. não acredito nas máscaras de nós mesmos. o que há atrás de uma máscara? outra. somos camadas encobrindo algo que não sei se chamo de razão ou sensibilidade. quando um confete aterrisa no meu braço, eu assimilo. transforma-se na minha pele. sou a soma de retalhos. a soma de pontos de vistas. acreditar no eu é uma questão de liberdades. e desconfio de algumas liberdades.
a minha vida é um eterno festejo. todas as minhas sensações e idéias são embaralhadas e se carnavalizam para acabar nas quartas-feiras de cinzas. há muito mais quartas-feiras do que se aparenta. é meu feriado preferido, as cinzas. as cinzas se desintegram, tornam-se invisíveis, voam com o vento, acumulam-se na pele alheia e desafiam o conceito do um e do eu. na quarta-feira, nos desintegramos e podemos recomeçar.
e vou embora, não sabendo o que é verdade e o que é mentira. achando que essa sujeira na minha pele é um recomeço alheio e que, na aventura do eu, pode ser o meu.
não é que eu não vá embora. eu não tenho para onde ir. já pensei em ir para o mundo -- penso ainda -- mas o mundo nem liga para essas minhas vontades. eu sempre falo de liberdade, mas eu só falo daquelas que não tenho. mesmo quando falo que tenho, é mentira. quase nunca falo das liberdades que tenho porque estaria dizendo verdades. falo às vezes das liberdades verdadeiras para realçar o quanto mentirosas são as liberdades das quais falo. sim, sim. eu não tenho para onde ir. e isso é uma grande mentira.
eu passei o carnaval inteiro mentindo para mim mesmo. não usei nenhuma máscara e para ser quem eu sou. não acredito nas máscaras de nós mesmos. o que há atrás de uma máscara? outra. somos camadas encobrindo algo que não sei se chamo de razão ou sensibilidade. quando um confete aterrisa no meu braço, eu assimilo. transforma-se na minha pele. sou a soma de retalhos. a soma de pontos de vistas. acreditar no eu é uma questão de liberdades. e desconfio de algumas liberdades.
a minha vida é um eterno festejo. todas as minhas sensações e idéias são embaralhadas e se carnavalizam para acabar nas quartas-feiras de cinzas. há muito mais quartas-feiras do que se aparenta. é meu feriado preferido, as cinzas. as cinzas se desintegram, tornam-se invisíveis, voam com o vento, acumulam-se na pele alheia e desafiam o conceito do um e do eu. na quarta-feira, nos desintegramos e podemos recomeçar.
e vou embora, não sabendo o que é verdade e o que é mentira. achando que essa sujeira na minha pele é um recomeço alheio e que, na aventura do eu, pode ser o meu.
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