a million parachutes

for us

07 fevereiro 2005

:: aliche!

-- aliche!

-- mas você nem quer saber o que o mundo fará se for tão mal, não é, baby? porque não se deve causar desejo se vai despachá-lo depois. não há maldado maior, minha mãe diria se ela estivesse vive e se ela tivesse uma vida menos moralista para se poder falar dos toques do corpo. e se você me abandonar, assim, como a um jornal já lido e relido, terá notícias minhas e serão boas, mas nenhuma em relação a você. porque eu sei escolher macarrão, sopas, condimentos. sei o tempo das chuvas, do cozimento e de uma boa foda. você podia ao menos reconhecer que eu sei preparar o melhor pudim que há no bairro.

-- aliche!

-- mas se você me abandonar mesmo, vou ficar com aquela sua mala grande para colocar as coisas que me deu. farei questão de não devolver nada. nadica de nada. o que der para pendurar, penduro na garagem. o que der para usar de pano de chão, limpo o banheiro. o que der para comer, dou para os cães da rua. o resto você pode levar porque provavelmente não me interessará. o chuveiro fica comigo, mas serei bondosa, pode ficar com as cortinas e os lençóis. fique também com os cd´s. eu aprendi a fazer mp3 e nem preciso mais deles. é muito mais fácil deletar mp3´s.

-- aliche!

-- e se você quiser voltar, devo confessar que pensarei no assunto. não que você mereça, mas é que tenho que considerar os tempos bons que tivémos. mesmo que você tenha um mal gosto para pizzas e sanduíches e não dê valor para o chope escuro. mesmo que você insista em ler a chata da virginia woolf e não aprecie o cool jazz. mesmo que chame de samba essa musiquinha de criança que fez para mim. mesmo que você não tenha noção nenhuma de enquadramento e ache que furos no roteiro sejam apenas buracos negros filosóficos. ah, você me ama, não? deve amar... ama tanta coisa...

-- aliche...

-- ok, ok... meia aliche, meia portuguesa.