a million parachutes

for us

03 abril 2003



:: cartas

escrevo cartas que nunca envio.
lá vou contando q apesar dos pesares,
vou indo. vou levando. vou me atrelando
a novos conceitos e novos amigos e
vou abandonando outros.
falo da minha febre e dos meus desmaios,
relatando o que se deve fazer quando acontece
e o que as pessoas costumam fazer,
mesmo que isso seja em boa parte inventado,
já que estava inconsciente desmaiada.
evito a todo custo expressões fálicas e voz fina nas cartas,
mas há momentos que não é fácil resistir.
a minha resistência diária é contra a falta.
nessas cartas escrevo sobre sonhos e a falta deles.
amigos e a falta deles; amores e a falta deles.
a sede infinita e a dor dilacerante.
falo sobre pílulas e arranha-céus contra os céus.
as minhas aquisições em música.
e os prós e contras de se comprar um mixer.
todos as folhas dizendo adeus,
algumas solenes, outras desesperadas como gritos.
e assino todas, embora fique em minha gaveta.

e qdo as reencontro; ficam tão ansiosas esperando seu destino quanto eu.