a million parachutes

for us

29 agosto 2005

:: encontros e desencontros

e essa impressão, no final do filme, de que apesar da despedida, é tudo um grande encontro, de onde vem?
:: sonhos para voar

eu te construi essas asas, observando as sombras do que eu achava que eram as minhas. nunca soube se poderia voar... eu só queria que você viesse experimentar as suas e dizer se combinavam com as minhas.
:: i´m just lucky so and so

Gosto de jeito que ela olha atentamente algo que a encanta.
Gosto ainda mais quando, absorta, ela se perde e não sabe mais o que a encanta.
Gosto quando ela respira e volta a si.
Voltando a si, gosto quando ela percebe que estou aqui.

(maio de 2005)
:: behind the blue sky

Há verdades que só são reveladas quando se está só. Mas um ser humano não vive só de verdades.

(maio de 2005)

28 agosto 2005

:: desamor

e esse vazio é de amar alguém que não veio.
e esse vazio é coração que um dia prometeu.
e esse vazio é de quem comia o seu recheio.
é de desamar alguém que lhe esqueceu.
:: lazy sunday

eu perdi o pé esquerdo do chinelo
que você esqueceu de me dar
no aniversário que você não soube
a solidão que foi.
e eu não sei mais onde está
o vestido que lhe costurei
as remendas que você faria
se soubesse o quanto gosta de mim.
no café sabotei em açúcares
sua dieta mesquinha de calorias
que contas mais que meus carinhos.
essa ilusão de que conversamos,
de que lembramos para esquecer
aniversários e presentes e solidão.
seu giz de cera borrou minha blusa.,
a minha fita não prende seu sutiã.
o seu atraso desloca o meu dia.
os meus dedos fogem dos seus.
eu perdi minhas luvas e cachicol
e você comprou tênis sem cadarço.
eu não vou precisar mais me abaixar
e você não vai pedir mais meu abraço.

27 agosto 2005

:: azaléia

gigi pegou uma azaléia, tirou-lhe as tripas e fez um trompete agudo.

26 agosto 2005

:: no scrubs

o blog da lu, mari e meu está retornando. vão lá nos visistar!

http://www.no-scrubs.blogspot.com

25 agosto 2005

:: au

o meu amor é desses que as pessoas admiram, mas não querem ter que cuidar.
:: money that´s what i want

23/09 a 25/09 - los hermanos
21,22 e 23 de outubro - tim festival : strokes, arcade fire, wilco, elvis costello
1/12 e 2/12 - pearl jam
dezembro ainda : madeleine peyroux.

p.s. the house is falling down...

23 agosto 2005

:: o pouco

você é a pessoa que afaga meus cabelos e que tomba a cabeça em meus ombros. me convida para sair e sempre me pede a mão. e é você quem mais está próximo de minha alma.

mas sabe tão pouco...

em algum momento perdido, deixei de lhe falar sobre o que anda passando na minha cabeça, que música ando ouvindo ou sobre meus planos de ir embora. em algum momento, não me importava mais que soubesse da minha vida, embora você mesma fosse parte tão íntima e costituinte de significantes e significados. deixei-lhe de falar que penso que há conserto o mundo e que meus esforços para ir embora não resultaram tão inúteis. e que penso que você estará mais linda ainda quando eu voltar. e que pressinto que a solidão me venceu já, só falta a confirmação e que mesmo assim serei feliz.

eu ando lhe falando tão pouco de mim que aceito a condição de que existimos no silêncio dos desencontros.
:: sonhos

você estava sentada numa mesa, tomava café, atenta a alguns grãos que havia sobre a mesa. era de tarde, a luz alaranjada vinha de algum lugar. não soube definir se estava do lado de fora ou se a janela era muito grande mesmo. talvez esperasse biscoitos porque a xícara estava um pouco no canto, abrindo espaço para uma bandeja pequena. a imagem da solidão sempre me emocionou. eu quis aparecer e dizer um oi. mas não fui.

no meu sonho eu não estava. mas você costuma me visitar sempre.

22 agosto 2005

:: carinhoso

carinhoso é a pele de sua nuca que toca as pontas dos meus dedos.
:: é ela

quando crescer, eu quero ser que nem a helô.
::pioiim

pular e pular e pular
feito pioiim.
é o que se pode falar
de quem vive assim.
:: politik

não sou muito de falar de política o que é um erro gravíssimo. porque política está em todos os tipos de relações que temos. temos a visão simplista de que política é tão somente os caras em que a gente vota. não sei como e quando essa visão se petrificou, mas penso se não é cômodo ter essa visão. porque é mais fácil culpar do que analisar problemas e achar soluções. quando você está em seu trabalho, dá uma merda, a vontade não é de achar um culpado e logo limá-lo? quem é que se levanta, questiona e pensa em soluções?

tudo isso que está acontecendo só reforça a antiga e velha visão de brutalidade e paternalismo da história desse país. as pessoas só tem certezas e isso me dá medo. as pesssoas tem medo e querem certezas, não importa como se chega a ela.

votei no pt e tive a esperança de que as coisas melhorassem. não sou tolo de tirar conclusões com o que é dito na imprensa. aprendi e peguei gosto de me fazer perguntas. estou decepcionado com muita coisa.

mas com muitas outras estou feliz e vocês não sabem porque pouco se diz: a minha amiga priscilla, o grande joão brant, a lidia e tantos outros fazem política, a pequena do dia-a-dia, e se questionam, trabalham, se frustram, vencem às vezes. você os conhece? vai lá http://www.intervozes.org.br.

a liza estuda ciências políticas e quer entender os mescanismo de como a sociedade participa no espaço do público e do privado. a vandreza trabalha em um núcleo que estuda a relação do varejo com o terceiro setor. a bruna mara pensou que o jornalismo pudesse também servir a quem mora na rua.

você acha que isso é politica? eu lhe falando sobre o que penso é política?

acredito que o pt acabou. e talvez esteja na hora de dar o verdadeiro crédito para quem faz realmente política nesse país: essa gente anônima cheia de esperança de que as coisas melhores para mim e para você.
:: se

se um coração é pouco,
dois é mais ainda.
:: julia

julia passava o tempo escrevendo letras para choros.

19 agosto 2005

:: conversas imaginadas

dr. aurélio: mas quem é você para inventar palavras assim?

chris: eu sou a costureira que faz suas calcinholas novas.
:: adivinha quem vem para o jantar

"Madeleine Peyroux, que está encantando a mídia especializada ao ponto de ser comparada a diva do jazz Billie Holiday, irá se apresentar no fim do ano em cinco capitais brasileiras. Em breve, os lugares serão definidos."

quem vai comigo?

18 agosto 2005

:: nova ilusão

o amor passa, outro vem.
muitos dizem que é como um rio,
nunca é o mesmo.
mas penso se o amor não são essas forças
que congelam,
secam
e enriquecem a liquidez do rio.

se não é o trânsito ou temperatura
e se o rio é apenas ilusão.

17 agosto 2005

:: odete cap.02

quando se chega em odete, não se sabe que chegou. não se sabe se está, onde e como começa. os moradores dizem que é bobagem acreditar em meridianos ou linhas do equador. de um sopro, o visitante é pego e como epifania se descobre em seus limites.

mas para ir embora há sinalização: você está deixando odete.
:: tereza

de todos os sonhos - sonhados, inventados e vividos - que tive com a tereza, é presente na minha cabeça uma imagem de seu rosto machucado mas que dentro de seus hematomas há um sorriso que se mantém orgulhoso apesar das dificuldades. penso em versos, mas não há tanto para dizer o sorriso. os sonhos se confundem e não sei o que é concreto. talvez eu tenha uma tereza que não é o que está aí no mundo. mas penso que há tantas, algumas heróicas e serenas que a minha tereza será sempre esperançosa. porque há de segui-las por mim.

15 agosto 2005

:: odete cap.01

a história de odete está escrita em livros e é falada pela língua do povo. por isso, o que será contado é tudo invenção. mas uma invenção muito próxima da história que ser quer dita. dou-me o trabalho desta empreitada porque também eu já li tudo que se podia sobre a cidade e ainda sinto lacunas. o que lhe parecer correto, que seja. o resto é poesia.
:: poesia

e se ela me amasse o quanto eu a amo
é como se tudo que eu escrevesse
fizesse um sentido pleno e correto.

poesia é essa fronteira tensa das desigualdades,
sentimentos velados em representações.

e se eu a amasse o quanto ela me ama,
eu escreveria o incompleto e o torto de nós dois.
:: procura-se

estava ouvindo o disco novo da bethânia e fazia muito tempo que não ouvia essa música. gosto da passagem da primeira para a segunda parte embora não acredite mais tanto em amores infinitos. com bethânia cantando, até dá vontade de acreditar de novo.

"Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que nínguem mais pode ser

Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas historias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem níguem saber por quê

Porém, se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a quela a vida e nada
Sem a qual se quer morrer

Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste para você
O seus olhos tem que ser só dos meus olhos
Os seu braços o meu ninho
No silêncio de depois
e você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nos dois."

(Carlos Lyra e Vinícius de Moraes)

13 agosto 2005

:: inventei um pedaço da cidade inédito

inventei um pedaço da cidade inédito,
fiz bolo de ingredientes que não chegaram,
dormi numa cama que não me deixa sonhar,
esqueci o seu aniversário, mas lembrei depois.

bebi cerveja de estômago vazio,
reli de trás para frente a nossa história,
tirei outras fotos de lugares que não estive,
planejei viagens para me esvair.

andei por calçadas sem meio fio,
enchi um balão e juntei dinheiro para fugir,
deixei que me deixasse amar o que pudessem,
fugi de suas sombras que não me perseguiam.

criei um mundo de onde você já partiu,
construi um porto que não está em seu mapa,
fiz bater outro coração que você não anoitece,
inventei um pedaço de cidade inédito para você

e para mim.
:: circuladô de fulô

circuladô de fulô ao deus ao demodará
que deus te guie porque eu não posso guiá
e viva quem já me deu circuladô de fulô
e ainda quem falta me dá

(haroldo de campos)

12 agosto 2005

:: satélites

ele pousou em sua superfície e tomou posse daquele satélite. aos poucos, o cinza das horas infinitas se tornaram o tempo dos mortais (um ano?) e sobre as crateras tristes foram criados lagos e florestas e cidades. e nunca mais puderam chamar de satélite só porque gravita em torno de outro corpo, porque ele também deu voltas em sua superfície.

quem é satélite de quem?
:: rosa

"felicidade se acha é em horinhas de descuido".
:: só a bailarina que não tem

quando encontrei mariana zanotto em leme, ela me pareceu muito próxima do que três anos de correspondências havia me dado a imaginar: uma menina delicada, com movimentos definidos e um olhar muito próprio para ver o mundo. fiquei um pouco constrangido por ela me dizer que sou inteligente porque ela mesma desistira de estudar. escolheu o ballet (ou o ballet a escolheu?).

a mesa em que almocei com ela e seus pais me fora muito acolhedora e enquanto via fotos das muitas viagens que fez pelo mundo com sua companhia de ballet fui descobrindo uma mariana que pouco se revelava nas estruturas das palavras.havia em seus gestos, olhar e voz algo de pessoa vivida, madura. uma harmonia de pessoa experiente e sabia que alternava com a delicadeza de menina.

despedi-me dela e peguei o ônibus para são paulo. durante a viagem senti um certo orgulho de tê-la conhecido. e fiquei pensando se algum dia terei essa maturidade serena e um sorriso que representasse essa felicidade tão bem quanto o dela.
:: trilhos

o amor é esse trem desgovernado
cujo atrito do trilho com a roda
só nos faz enganar que há destinação.

11 agosto 2005

:: limpeza intestinal

eu não sei dizer com palavras o que anda se passando nos meus braços; na barriga, no estômago; nos fios dos cabelos e sobrancelhas. o amor que me invadia a alma, sinto-o agora apenas na meia velha para lavar.

não é mais leitura do coração através dos dedos, nem paladar de saliva através de toques. o que sinto não sei dizer com qualquer outra linguagem, é como se não houvesse nada a dizer. então o que é tanta lucidez e atenção dos meus olhos ? o que é essa vontade de comprar papéis coloridos e inventar origamis que nem sei se existem?

o meu celular não toca, mas tira foto. o amor não vai me ligar, mas vou lhe mandar uma foto. ainda assim não sei dizer o que se passa no meu fígado, nas palpebras e nos joelhos.

e talvez se me calasse, o que sinto vá embora.

10 agosto 2005

:: amor

amor, o seu verbo se entorta em minhas pernas de amavios. o pescoço-metáfora, a nuca silogista, quero inventobeijar seus cabelos cacheados. o que você perdeu nos olhos de outro, não achará nos meus. todavia, amor, você pode mentir e dizer que sim. amor.

05 agosto 2005

:: ainda ela

o relógio que está na sala branca dela
se move exato tanto quanto pode ser
exato um relógio.
mas ela não respeita,
ela esquiva,
ainda e já,
síncope que é o tempo
do coração.

é o tempo encontrado,
que se quer encontrar,
que se quer perder
para depois encontrar.
o tempo dela é o agora
e diz muito sobre o que já foi
e o que ainda será.

se atrasou (caiu?),
levanta e corre.
se adiantou o relógio,
pára num boteco antes.
o que lhe suja a maquiagem
não é o choro das desilusões.
mas a inclinação que o tempo
faz sobre e dentro de si.

batom convexo,
vestidos de amarrar amor.
cachos de se perder.
cachos de se perder...

assim ela vai construindo seu tempo.
o coração torto que dita os segundos,
a cabeça sincopada de sentimentos,
e a esperança tensa de um eu infinito.

01 agosto 2005

:: agosto

faz tempo que não gosto muito dos posts aqui do parachutes. ando repetitivo, irritadiço, é só uma ou outra vez quando consigo estar mais atento e menos umbilical que algum post faz sentido. percebi que a frequência de visitas caiu bastante e quando comento isso, as pessoas falam que não tiveram tempo ou estavam ocupadas demais. bom, se pequenos posts soam como fardos, acho que a minha missão aqui acabou. sempre pensei em trazer leveza e algum sentimento. longe de mim trazer uma angústia desnecessária ou compromisso.

mas estou disposto a buscar o que eu perdi em algum lugar do caminho. renovar-me ou dar um passo a frente. não sei que caminho seguir, mas sei que parado serei ainda mais repetitivo e chato.

volto quando sentir que possa acrescentar mais poesia a vocês leitores. e vocês podem trazer flores porque eu nunca ganhei flores.