a million parachutes

for us

31 agosto 2004

:: as medicinas

minha amiga, já muito bêbada, falava-me sobre as dificuldades da vida moderna. dizia que tanta preocupação e velocidade só poderia dar em úlcera estomacal. avisou-me dos pacientes que somatizam o estresse em dor.

-- o suco gástrico! a vida está sendo dissolvida pelo suco gástrico, menino!

e depois ela me relatou a constituição dessa mistura: pepsina, renina e ácido clorídrico. perguntei se não era exagero culpar o suco gástrico pelos males da vida. ela, em sua embriaguez, quietou-se, absorta. arrependi-me pela ousadia e quando ia começar um outro assunto, virou-se para mim e disse:

-- sabe o que é vida, menino?

fiz não com a cabeça espantando.

-- a vida é essa eterna luta de não deixar que o suco gástrico mate as borboletas do estômago.

30 agosto 2004

:: cuidados

vou me cuidar.
me espera no portão. trarei bombons sortidos.
e o que faltou entre o meu coração e o seu.
volto assim que der.
Poema de Canção Sobre a Esperança
(Alvaro de Campos/Fernando Pessoa)

Dá-me lírios, lírios,
E rosas também.
Mas se não tens lírios
Nem rosas a dar-me,
Tem vontade ao menos
De me dar os lírios
E também as rosas.
Basta-me a vontade,
Que tens, se a tiveres,
De me dar os lírios
E as rosas também,
E terei os lírios -
Os melhores lírios -
E as melhores rosas
Sem receber nada,
A não ser a prenda
Da tua vontade
De dares lírios
E rosas também.

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obrigado.
:: versamar

os versos vão chegando.

leio com calma, vou com o ritmo, barco no mar. falam de uma vida que está deixando e uma outra que acontece e deseja. nos substantivos evidenciam-se estopas e sofrimentos, mas as entrelinhas figura cicatriz de ferida que aos poucos dói menos.

ela me atravessa ou sou eu quem a navega?

:: saltos ornamentais

não sou estilista. tento fazer o básico. quando mergulho na água fica claro a minha falta de desenvoltura no tanto de água que espirra. a poesia, se tenho alguma, é a água que espirra.
:: radiohead morning _ lift

this is the place
sit down, you're safe now
you've been stuck in a lift
we've been trying to reach you, thom

this is the place
it won't hurt, it will not hurt

a smell of recognition
a face you barely loved
empty all your pockets
'cause it's time to go home

this is the place
remembering all the things you always see

you've been stuck in a lift
in the belly of a whale
at the bottom of the ocean

a smell of recognition
a face you barely loved
empty all your pockets
'cause it's time to go home

today is the first day of the rest of your days
so lighten up squirt

29 agosto 2004

:: nota

algumas mulheres ficam mais bonitas de ponta cabeça.
:: esta semana

querida,

foi uma semana cheia de dificuldades que apesar dos pesares foi concluída bem. algumas coisas não aconteceram como planejado o que gerou pequenas frustrações. mas nada que derrubasse de vez o humor. as minhas orações dominicais tem sido as tira de jornal, ska, alguns livros de fôlego curto e suas palavras. pensei em você muitas vezes essa semana e tive medo de seus medos. mas não foi um sentimento multiplicador como se desse mais corda a um brinquedo ou alimentasse uma fissão nuclear. era um sentimento até que bom na medida em que reconhecia você em mim como se compartilhassemos alguma dor, dividindo-a.

a noite, quando cedo aos meus cansaços, observo a lua. antes era muito normal que eu associasse a palavra lua aos seus escritos e nome. hoje em dia, cumprimento-a como qualquer conviva. é como se fosse uma amiga nossa comum. ela não me traz apenas os seus signos. ela me leva a sua atmosfera e sua respiração. um mundo propício a sambas-canção de pessoas que estão eternamente partindo e voltando. como a nossa própria amiga comum.

foi uma semana difícil. talvez semana que vem seja mais, mas talvez a outra não.
:: alento

estou infurnado no trabalho.
alguém me dá alento?
:: poesia

e suportar essa poesia de fim de tarde.
com o pôr-do-sol indo sereno tal como veio.
reforçando a idéia de infinitude
quando o que peço é mais dessa fiação alaranjada
que faz contraluz no teu rosto
e chamo de poesia pela falta de definição melhor.

28 agosto 2004

:: presente

minha vida é uma caixa de presentes cuja graça está no laço.
:: helena

ensinou-me helena muitas coisas. dizia ela que foi de sua vó russa que aprendeu as coisas sábias. não cheguei a conhecer, mas dizem que os olhos de helena são de sua avó.

ensinou-me helena essa cerimônia para agraciar os amores: tocar no rosto da (o) amada (o) e pedir o mesmo a ela (ele). fechar os olhos. sentir o calor da palma da mão sobre a pele até que se confundam os calores e não se saiba quem aquece e quem é aquecido.

27 agosto 2004

:: tratado

que não soframos por antecedência.
não merecemos isso.
não daremos mais razão para a feiura desse mundo cheio de dor.
resistiremos a mera complacência e resignação.
seremos felizes enquanto pudermos.
:: dos margaritas - paralamas do sucesso

fazer um desenho nas costas da mão
despir a consciência das dores morais
jogar uma vaca do décimo andar
viajar sob a lua que varre os sertões
uma ostra chilena, um beijo em paris
se cortasse o cabelo e mudasse o nariz
se vital escrevesse a constituição
se eu nunca quisesse quem nunca me quis
ser dois e ser dez e ainda ser um
se a vingança apagasse a dor que eu senti
ser seco, ser reto, isento à moral
se eu nunca lembrasse o estrago que eu fiz

tudo isso me faria feliz
absurdos me fariam feliz
pero nada me hará tan feliz como dos margaritas

26 agosto 2004

:: pain

estou com dor atrás dos olhos. numa órbita que não pode ser vista. penso algumas vezes que pode ser só dor de cabeça, mas quando movimento meus olhos, eles doem. dizem que a dor é invisível, mas assim parece que o mundo inteiro que vejo é dor.

não me receite analgésicos. é só dar motivos para que feche meus olhos.

25 agosto 2004

:: eixo

querida, me dê um eixo que te desloco o mundo !
:: bom dia

há uma voz estranha que sempre me diz bom dia. ela me persegue desde o primeiro sorriso bobo que dou. sempre a confundo pela manhã nas bocas reais e me assusto quando a ouço em lábios cerrados.

pensei em procurar um médico. bom dia. não tinha tempo e não era o tipo de coisa que me preocupava. bom dia.

demorou para descobrir que essa voz vinha de mim e que não eram votos, mas constatação.

24 agosto 2004

:: o trem da juventude + paralamas do sucesso

minha alma é lavada desencardida
e quem destratou a sua vida foi você
desamarrada, desimpedida, desarmada
voa livre pelo mundo até escurecer

quando faz frio perto do mar
quando não há nuvens no céu
quando sopra o vento terral de manhã
vale a pena acordar pra ver

sempre atrasada, sempre iludida
de que vai voltar à vida que você deixou
o tempo, os homens
as marcas de noites e dias mal vividos
nada disso te perdoou

rede de surfistas no mar
ligados por computador
novas maravilhas pra se admirar
não me venha com a velha dor

o trem da juventude é veloz
quando foi olhar já passou
os trilhos do destino cruzando entre nós
pela vida, trazendo o novo.
:: você não entende nada

não quero ser paraquedista. quero ser o paraquedas.
:: elv1s

essa conversa não existiu:

ele disse:
-- o elvis é foda.
-- é mesmo.
-- eu quero ser como o elvis.
-- e quem não quer?
-- sério, cara. quero ser como o elvis.
-- uma estrela com sua ascenção e queda?
-- não, cara. quero ser bom para as mulheres.
:: fé

querida,

andei pelas ruas do centro de são paulo a procura de um colar novo para você. a falta de dinheiro e o avesso aos shoppings ajudaram na escolha pela rua. pensei também que encontraria algum colar feito com alguma fé, dessa que você diz que anda perdendo.

andei por vários lugares e perguntei para muitos artesãos. disseram-me que talvez fosse mais fácil procurar perto das igrejas. retruquei que não era católico; mais: era um ateu. ficaram com dó de mim, acho, porque não sabiam indicar onde eu encontraria um colar assim.

já estava me conformando em ir para o shopping e comprar algo que tivesse algum outro tipo de valor quando uma amiga me perguntou por que estava com essa cara triste. contei-lhe o caso e ela, num tom de surpresa, disse-me:

-- eu sei fazer colares!

querida, era o mais próximo do que poderia ser sua fé perdida, pensei.

-- quando você acha que fica pronto? perguntei.

-- ora, quando você pegar o jeito é fácil.

fiquei ainda mais surpreso que ela! eu fazendo um colar? naquela hora pensei: se ela tem tanta certeza de que eu aprenderia e faria colares, é porque ela deve ter algum tipo de fé.

e talvez venha disso a santidade das coisas.

23 agosto 2004

:: jardim japonês

quando falei com itsuko sobre o meu desejo de fazer um jardim japonês, ela me recomendou que falasse com seu avô que cultivava há tempos mas que pela doença havia abandonado. disse que marcaria um encontro e que faria a sugestão de que doasse as ferramentas já que não havia ninguém da familia que se interessasse por jardinagem.

fiquei receoso por conhecê-lo, os japoneses são pessoas duras. recebeu-me bem. ofereceu chá e alguns doces. itsuko nos acompanhava, mas tratava seu avô como alguém que precisava de cuidados, estava a revelia do que ele falava.

disse-me ele que havia feito o jardim para que sua mulher pudesse cultivar carpas e que era muito agradável quando ela lia para ele já que tinha a visão já muito prejudicada. quando ela morreu, continuou ainda cuidando do jardim mas sem as carpas porque não era a arte que lhe competia.

mostrou-me as ferramentas. algumas adaptadas por ele mesmo. agradeci um pouco sem graça e brinquei que só me faltavam as carpas. então ele me disse que se eu tivesse no coração quem as cuidasse, ele ensinaria de bom grado como poderia dizer que a amava através das cerejeiras.
:: Ensinamento
Adélia Prado

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
:: play it again, paul

"saudade, você fez da minha vida
uma rua sem saída
por onde anda minha solidão."
:: morena

"o sol que morre nos cabelos das morenas, um dia nasce sobre as luas que sonhei."
:: amorosa companhia pneumática

.amorosa.cia.pneumática. devolver a arte à vida. jornais, revistas, tv. cola print e tesoura. idéias no coração. conta.gem no relógio da ofegação de ver quem se ama. anúncios, panfletos,flyers multicores. amoroso (a). en. tao te ouvi dizer sobre fuga. e vc disse q não era fuga. era um respir. o diferente, um nariz e um pulmão diferente. edit.orial.

20 agosto 2004

:: a noite dos meus dias

fixo o olhar num desses pontos do infinito. um jeito de me abstrair fugidio dos cansaços do corpo. a tremedeira da mão se confude com a do ônibus que corre tanto quanto eu preciso. quero tomar um banho e passar a limpo suas frases de amores meus. hesito, mas desembarco. a noite me retoma ao seu frescor. penso em sua nuca que é tudo de bom que há.

na minha caminhada do ponto para casa, volto a fixar meus olhos nesses pontos muletas. e fico preocupado que não goste de meus silêncios longos. penso no que vou lhe dizer quando nos encontrarmos. não sei o que dizer ainda. a mão treme menos. não sei.

-- você me afeta as orbitas.

e sorrio para qualquer canto iluminado que não seja por lâmpadas elétricas.
:: lighthouse blues

talvez eu seja pouco para tanto (a)mar. ou é o coração muito imenso para morar. não vou até o farol para me guiar até a terra firme. vou para ver de lá de cima se há outro farol do outro lado da imensidão ou se há coração que possa me abarcar.

segura forte a minha mão para quando o farol apagar eu saber que é você.
:: roupas

e essas pessoas que vão embora e deixam pedaços de roupas pelo chão? a gente recolhe, lava, passa e quer guardar no armário para devolver depois. se usassemos como pano de chão teriam muito mais utilidade, provocariam outros sentidos, alvejariam outras cores em seus desbotes.

e essas pessoas que criminosamente abandonam nossa vida achando que é tempo a recuperar? quando voltam, se é que voltam, a gente já inventou outras modas e só as perdoa e aceita de novo nas nossas vidas se prometerem ficar por pouco tempo.

18 agosto 2004

:: empreendimentos

querida,

disse-me um grande empreendedor que o nosso café necessitará de alguns cuidados para que frustremos as perspectivas de falência que tanto assombram as novas iniciativas no brasil. falou-me de capital de giro, localização e outros termos que fingir anotar num guardanapo. mas reiteirou sua alegria com a nossa inventividade e mais ainda com a nossa coragem. e eu disse que temos muito medo sim, mas temos esperançazinhas azuis. prometeu pagar a primeira rodada do que fosse, quando inaugurado.

vinda dele, achei a mensagem um bom incentivo. afinal, ele chegou a esta cidade num balão que ele mesmo contruiu.

17 agosto 2004

:: aqueles dois

mesmo que haja tanta pobreza em seus toques e significados, aqueles dois aproveitam a ignorância de si mesmos. cortaram laços com a memória e começaram do zero. onde está mágoa? quem precisa de perdão? aqueles dois sabem que há um mundo por trás do outro, mas não tem pressa em desbravar. o amor começa passos em grama nova.

se o mundo for acabar mesmo, que não se arrependam nunca desse primeiro passo difícil.

felicidades.


16 agosto 2004

:: to leave

ah, essa tal esperança que nos faz pessoas tão ridículas.
aguarda da rocha, o pó.
das tempestades e temperamentos ruins, a calma e beneficência.
das hesitações, beijos tardios.
da angustia, feitos que acalatam o coração.

ah, essa tal esperança que estampa sorrisos.
veste camisetas e elabora frases bobas.
te espero. me espera. não vai chover.
os preços não caem, mas arranjo outro emprego.
arranjo um emprego. arranjo um bico.
abro um café. vendo bugigangas.
ofereço meus seviços. sirvo bem para servir sempre.

ah, essa tal esperança que amolece a falta.
a falta nossa de fazer coisas que nos signifique.
falta de desejar que nos desejem também.
falta de inventar temperos. falta de sua pele.
falta de seu hálito e de seus planetas.
falta de querer sentir falta de tempos melhores.

ah, essa tal esperança que não tarda,
trama e não nos abandona.

15 agosto 2004

:: sparks

você ainda passa por aqui?
e se passa, você teria coragem de vir falar comigo?
sou orgulho, mas não vou deixar de responder.
e vindo falar comigo,
você poderia me pedir para deixar de ser tão orgulhoso?

estou precisando.

14 agosto 2004

:: óculos

tenho esperanças de que possa ver através de mim e que em desfoque saiba apreciar o que não se pode alterar inconsequentemente.
:: solidão que nada

ando um pouco adoentado e cheio de coisas para fazer. não tenho tido tempo, cabeça e coração para escrever. ando inquieto debaixo da pele. sabe aquela sensação de que há muito por vir ainda e insegurança se você vai dar conta? quero ir para a bahia. quero ir para hiroshima. quero ir para brighton ou glasgow. recolher receitas e experimentar temperos. descobri esses dias esse tal de alho-poró: uma maravilha. e um creme de papaia com licor e sorvete. descobri um autor novo que me tem atordoado, um tal de faulkner. e lendo calvino em prestações.

assisto às olimpiadas também. fico um pouco temeroso quando o ser humano tem esse tom de glória consigo mesmo. mas estou achando divertido torcer para os países que nem sabia que existia. bem que poderiam ser países sonhados. a gente torcendo para que os sonhos ganhem dos logos. e inventando seus hinos nacionais e suas roupas. que venha os jogos chineses e o mundo reflita se o pensamento nasceu mesmo na grécia !

ah, é solidão. a gente sabe disso quando quebra o pulso ao tentar direcionar a colher do xarope para a própria boca.

12 agosto 2004

:: release

estava indo a pé do centro cultural são paulo até o terminal parque dom pedro 2. a rua vergueiro é uma reta que desemboca na praça da sé. fazia frio, mas como ando sem nenhum condicionamento físico, acabo não perdendo a oportunidade de caminhar um pouco. tenho meu diskman com os prediletos do dia e um tênis que amortece meus passos mais pesados. é nesse momento que converso um pouco com a cidade. ela me conta o que faz de seus loucos.

caminhava quando uma angustia se apoderou de mim. pensei que era o frio e levantei minha gola da jaqueta. mas não era o vento cortante. senti meus cabelos frágeis e meu coração palpitante. queria me esconder, riscar meu nome do rg. parecia naquele momento que todos me conheciam e que já haviam se precavido de algo que nem eu sabia o quê. achei que talvez fosse melhor mesmo que não soubesse. apressei o passo, esqueci dos cheiros. os semáforos amarelos, hesitantes. pensei que talvez ninguém mais deveria me amar assim sem por quê. talvez fosse melhor que tivessem motivos.

acalmei-me quando entrei no ônibus. tirei um pedaço de papel e comecei a rabiscar qualquer coisa que pudesse me acalmar. escrevi seu nome e não coloquei ponto final.

09 agosto 2004

:: café do farol

vou abrir um empreendimento com a lua. estamos juntando receitas e outras delicadezas. há cadeiras e mesas no jardim. chás e sopas. nos dias quentes, temos torta mousse de chocolate com sorvete e calda. visite nossa cozinha.

:: bruna mara

já falei algumas vezes da bruna mara. ela é minha irmã mais velha e mora em londres. hoje recebi uma carta dela. nunca pensei que receberia uma carta dela já que a internet sempre foi muito mais prática e conveniente.

uma carta linda, escrita em prestações. talvez em 3 ou 4 dias. não há quase nada além de amenidades. mas as entrelinhas, as sutilezas e as nuances falam de um tempo que passa. finalmente ela pôde parar de se angustiar, acalmar-se e ser apenas testemunha ocular do tempo que passa. bruna mara tem gênio de agente provocador, mas a carta me mostrou uma bruna mara mais contemplativa. talvez analisando e prestigiando suas próprias vitórias.

bruna mara é minha irmã mais velha e tenho orgulho horrores.
:: bruce lee

paixão é amar as qualidades.
amor é apaixonar-se pelos defeitos.
ya!
:: o vento

às vezes tenho vontade de explodir. só pela curiosidade de me desfazer em vários pedaços, leveza de pó. sinto-me pesado, cheio de preocupações. às vezes a solidão não é tão boa: não temos referência do quanto nos pesa realmente as angustias e as alegrias. estar só desconserta tanto quanto estar dependente dos outros. o equilibrio conheço pouco. penso na praia, na areia e no vento. ser levado com a canção do vento. isso me parece bom por enquanto.
:: caderno de anotações para as tempestades

passei parte do final de semana relendo os textos do blog. dos quase 900 posts (até eu me surpreendi) consegui selecionar uma centena que farão parte desta antologia. coloquei as letras maiusculas, revisei algumas passagens, abri parágrafos e mudei alguns nomes. e aí está: o caderno de anotações para as tempestades.

o nome não é novo. já dei a outra antologia, mas aquela ficou no caminho e resolvi retomar o nome.

imprimi algumas páginas que editorei no pagemaker. é interessante vê-los nesse suporte tão real que é o papel. confesso que achei os textos incomodados com tal condição. nasceram para outros berços. estranham e se não fosse a minha insistência, talvez desistissem dessa nova realidade. tirei-lhes também a cronologia para que soassem mais coesos. tenho dúvidas ainda como devem estar no papel. são de fôlego curto e não sei como funcionará impresso.

chamei a heloísa que aceitou fazer a capa. vou ver se acho alguém legal para fazer a revisão.

fiz alguns cálculos e infelizmente terei uma tiragem muito pequena. talvez 100 ou até menos. não quero vendê-los como sugeriu o danilo. quero dá-los a quem tanto me ajuda e me tem carinho. que passa por aqui apesar da vida corrida. ganho experiência também para poder fazer direito com autores de verdade.

assim que puder, deixo uma versão em pdf aqui.

07 agosto 2004

:: hora

o vermelho da boca da renata era registro de pipoca doce. e a ponta dos dedos vermelhos saem fácil com água e sabão. mas ela dormiu assim depois que chegou do cinema.
:: eternal sunshine of the spotless mind

talvez tenha sido um sinal.

cada minuto que passa, acredito que ter assitido a "eternal sunshine of the spotless mind" foi algum tipo de sinal. a cada desenrolar do filme eu via algumas das idéias que rondam minha cabeça sendo cosntruídas em imagem e som. as pessoas para quem contei as idéias de um romance que ando escrevendo podem dizer se devo ou não me atormentar. é um sinal. um aviso para que dê forma e recome a escrever.

o dia começou com essa vonta de comprar um caderno de anotações e canetas novos. tenho predileção por linhas próximas e canetas finas, mas encontrei somente esse caderno que é o dobro do tamanho preterido. pensei: a "casa invisível" caberia aqui.

mais tarde, antes de me encontrar com a renata para assitir ao filme, deu-me um acesso impulsivo e comprei 2 livro do ítalo calvino cujas "cidades invisíveis" deram -me o mote definitivo para o meu projeto. muita concidência? ou um sinal?

no filme está quase tudo que estará no livro: a memória, a casa, a invenção e a resistência. os objetos, caixas (sacos no caso), trijeitos e a falta.

saí do filme deslumbrado, com a sensação de menos solidão porque alguém compartilhava das mesmas coisas que passavam pela minha cabeça e coração. mas me perguntei por que tanta demora para escrever? foi um sinal: vou jogar tudo fora e recomeçar.

01 agosto 2004

:: parachutes impresso

o danilo sugeriu que eu fechasse um livro com textos do blog... o que acham, caros leitores? =)
:: farewell

para você que me esqueceu, nem um adeus.
nem um aceno, nem palavra que evoque
desilusão. para você que me deixou de lado,
da próxima vez, um pouco mais de sorte.


:: o bom e velho rock n´roll

uma guitarra. um baixo. uma batera.
com pouca coisa você se diverte. pode crê!
o bom e o velho rock n´ roll que o diga...
1, 2, 3, 4!
te espero de tênis porque vou pular muito!