a million parachutes

for us

30 julho 2004

:: show do ludov ao vivo via web

o show do ludov e autoramas no centro cultural sao paulo (19h, sabado, 31 de julho) serah transmistido ao vivo na web. quem nao mora em sao paulo ou nao estiver por aqui, utilize os links para ouvir.

a transmissao estah em fase de teste, quem puder, por favor, me fale como foi a transmissao (qualidade, drops, etc), desde jah agradeco!



os links estarao disponiveis a partir das 18h30...
:: restart

querida,

há um horário muito curioso em são paulo. é das 22h até perto da meia-noite. é a hora dos que perderam a hora ou não se ajustam aos demais. chegam em casa já com o telejornal e a novela perdidos e a casa só os percebe pela manhã.

é hora em que a cidade dá um suspiro de alívio e se imagina menor. embora tenha menos tempo, o casal que namora nos bancos do metrô está mais só e à vontade. os donos dos estabelecimentos comerciais estão com as portas semicerradas, lavando o chão e pensando no dia empatado de lucros. os motoristas de ônibus quase arriscam um itinerário diferente e chegam a perguntar aos seus 7 ou 8 passageiros onde irão descer. eu mesmo lhes recomendo que parem perto de uma padaria pq gosto de comprar pães para amnhã e ver os doces.

é uma hora de desabrigo dessa nossa vida moderna.

querida, em horas como essa, percebo a dor vinda do cansaço com certa exatidão. a barriga da perna dura e a cabeça que tomba. mas essa dor me revela em contraste a paz que o coração pode ter de vez enquando. o que vc chama de fé, eu chamo de esperança.

por exemplo: esta é a última folha de meu caderno. não ficarei nostálgico e triste por isso. vou providenciar um outro e recomeçar.

26 julho 2004

:: these days
(ao som do disco twentysomething de cullum)

querida,

por uma dessas dificuldades da vida moderna (o trabalho pede presença, mas a impede cada vez mais) tive que ir até a velha faculdade. há muito não andava por aquelas bandas e muitas memórias, cheiros e claridades palpitaram em minha cabeça tão cheia de obrigações e compromissos. estava um dia lindo, apesar do frio. pude até rasgar o céu com o meu olhar e ver pedaços de sua lua. a cidade barulhenta, hoje para mim soou um piano grave e delicado. tive pouca pressa, aproveitei todas as minhas viagens.

pensei em ti com facilidade.

nesses dias em que a cidade tem esse tom menos contrastado por causa do frio, há cerejeiras localizadas e azaléias, muitas azaléias. sei da sua falta de predileção pela cor rosa, mas não pude deixar de comentar. no ônibus, vi muitas através da janela. não são os jardineiros que as cultivam. elas nascem em cantos em que gramas resistiram a estação. na usp, há árvores com flores amareladas, se há dois meses atrás ainda convivesse com velhos amigos, faríamos um vídeo no momento em que as folhas caíam e deixavam um manto sobre o chão. era um manto democratizante, dizia uma amiga, fazia seu carro velho tão belo quanto as caminhotes dos burgueses. ah, somos todos uns burgueses! eu dizia porque ela me pagava um sorvete.

pela manhã, li algum dos seus arquivos. vi um tempo que eu não existia; que não existíamos um para o outro. esse sentimento me perpassou o dia. porque não tenho dúvidas da sua existência, mas tenho da minha. suas borrachinhas... tive borrachinhas também. seus cabelos curtos... eu os cultivo assim agora. será que existo para esses dias? temos vinte e poucos anos e ainda nos convém muita coisa: cantar na chuva.

mas por agora, só queria existir um pouco mais para ti. talvez, em outro dia próximo quando eu recomeçar a andar pela cidade como se andasse na palma de sua mão.

25 julho 2004

:: chão

ela se deitou sobre o chão e esperou que os azulejos lhe roubassem o calor. ele se sentou ao seu lado e segurou sua mão recomendando que desistisse. depois de algumas horas, ela percebeu que aquela mão supria o calor perdido e que talvez o chão prejudicasse mais a ele do que a ela própria.

ele adormeceu no mesmo chão azulejado. ela o abraçou acordando a ambos. da casamata para um céu de estrelas.
:: o processo

disseram que falta em mim algum estilo; que faltam vocabulários e mais sofisticação nas orações subordinadas. disseram que os textos são muito curtos e confusos e por vezes pessoais demais. que se eu continuar assim, dificilmente terei coisas publicadas e que não alcançarei muitas pessoas. disseram que transparece muito a falta de influências mais variadas e a falta de encontro com uma realidade mais brasileira, mais plausível e combativa. disseram que são palavras por vezes muito oníricas, quase inúteis.

a essas pessoas, não retruco. encontro razão em algumas observações. mas amigos, não quero ser escritor ou coisa parecida. quero apenas conhecer um farol e ter um café. resistir a tantas normas e afirmações. e encontrar algum modo menos sofrível de inventar o que me parece correto e para quem amo.
:: gettin better

derrete uma xícara de açucar com raspinhas de limão
quando o açucar estiver em ponto de calda vc coloca o leite
e dissolve
fica com gosto de suspiro
=)
e esquenta!!!


receita da lua.
:: cerejeiras

a menina fica espantada: não tem nenhuma folha? só flores pequenas e rosadas. é dessas que brilham pouco e por um tempo limitadíssimo, mas sempre, todo ano. a menina abraça a árvore, não diz para sua mãe porque não sabe se deve: quero ser assim.

24 julho 2004

:: resfriado...

seus pés estavam doendo. ficou acordada a noite inteira, ora deitada na cama, ora andando pela cozinha. seu amigo estava doente, nada grave, mas ocorreu que a ele faltava mais que uma saúde e bons ares. deixou fita nova na secretária eletrônica e um código secreto na mensagem de saudação: um trilha ao fundo desejando às estrelas que lhe dêem algum amor, não qualquer tipo de amor. e uma prece para que a vida agitada não deixasse o coração cair na tristeza e na loucura.

para a dor nos pés: um pouco de sal e água quente. para seu amigo: um cartão. ele ainda não havia ligado, mas ela recebeu por fax as receitas médicas e cópia de uma passagem para a casa dela.

ela arrumou o sofá e comprou algumas flores. quando ele chegou, estava magro e com olheiras. comeram macarrão e de noite repartiram a mesma bacia de água quente e sal. os pés entrelaçaram aos poucos.

e depois de alguns dias, quando ele disse que já era hora de ir embora, ela lhe deu um cd em que gravara as mensagens que ela não teve coragem de deixar na secretária dele. e disse também que se ele adoecesse de novo, poderia vir visitá-la.

então ele sorriu com certa desaprovação. deu-lhe um leve beijo na testa e disse que ela não era remédio, era uma paz no coração dele que se ele não cuidasse, adoeceria.

:: querida

estou rabiscando.

se um dia me faltarem palavras, tentarei riscos e sons.

23 julho 2004

:: o velho homem

o velho homem está na janela, em pé. a luz que refrata é pouca, o sol chega intenso em seus olhos que permanecem fechados. há¡ tanta vida lá fora, mas ele não tem tanta vontade de abrir e ver.

as mãos no batente da janela sentem o calor surdo. o velho homem sorri.

ele permanece na janela para lembrar sua memória curta de que tudo que quer pode ser visto pela janela de dentro. do corção.

20 julho 2004

:: onde está vc agora além de aqui dentro de mim ?
 
estava eu lendo um blog de um casal que há algum tempo acompanho quando parei para pensar por que me interessava tanto. não é dos mais literários; é quase um diário com pormenores que talvez não interessem a quem não fosse próximo. pensei primeiramente que como sou um cara que gosta de detalhes (acredito que a engenhosidade da vida deve estar nisso), deve ter sido isso que me chamara a atenção.
 
hoje, no entando, ocorreu-me uma outra explicação. o que me impressionava naquelas linhas era o companherismo e a cumplicidade implícitos. há um bailado muito harmônico na relação que não precisa de declarações ou análises como esta aqui. acontece naturalmente. a roupa comprada em uma liquidação, mas que possuí aquele detalhe próprio de quem comprou e quem usará sabe. um litro de leite a mais porque a mãe dela que está de visita precisará para um bolo previsto por ambos e não pela mãe. a troca imediata do sabão em pó por outro que não agrida tanto a natureza porque ele tem que dar exemplo, advogado de causas ambientais que é.
 
e isso me impressiona e me incomoda. não sou tão companheiro e não tenho quem seja para mim. acho que não sou disso, sempre fui de não depender das pessoas. também tenho racionalmente na cabeça de que talvez eu não sirva para ser alguém com quem se contar. sou limitadíssimo. 
 
às vezes, acho que dedicaria minha vida a uma outra coisa que não está aqui.
 


19 julho 2004

:: varal

quando eu era pequeno, o que me interessava no varal eram os prendedores.

como segurar e impedir que te levassem?

com os anos, ensinaram-me que a roupa esvoaçante era o que havia de belo no varal.

e talvez fosse.

18 julho 2004

:: se

se algum dia
meu coração for consultado
para saber se andou errado
vai ser difícil negar...


ê paulinho...
:: ponta de areia

querida,

às vezes tenho vontade de me desfazer em areia, cair ao vento e me dissipar. talvez caísse em sua praia e fizesse parte do que é bonito em você.

dar sustento para suas paisagens e seres marinhos.

e se eu for a areia que cairá em seus olhos para fazê-la chorar, também serei a mesma areia que reinventará as pérolas de seu perdão.

16 julho 2004

:: maira
 
maira estava no terceiro ano de ciências sociais quando seu pai, o sr. yoshimura, faleceu vítima de acidente.
 
o sr. yoshimura deixou uma barraca de pastel e poucas dívidas. maira começou a estudar ciências sociais exatamente por causa da barraca onde reuniam-se amigos conservadores  de seu pai. o sr. yoshimura não era dado às politicas do brasil, mas reconhecia com orgulho a democratização do japão no pós-guerra.
 
maira pretendia apenas pagar as dívidas e fechar barraca. trancou a faculdade e conseguiu saldar em 3 meses. nesse meio tempo alguns amigos seus a visitavam para passar a matéria e comer pastéis. os amigos de seu pai vinham sempre também, mas deixavam de discutir política pois sabiam que maira não compartilhava das mesmas opiniões.
 
maira ficou com a barraca durante um ano, os amigos de seu pai lhe desejaram boa sorte em sua empreitada em ciências sociais - seja lá o que for isso - e recomendaram a ela que substituísse o refrigerante por chá preto no dia da missa de 1 ano de seu pai. 
 
:: caixinha
 
segura uma caixa priscilla
e o que há dentro não se sabe.
não se sabe se é perda infinita
ou felicidade que se acabe.
 
não se sabe se o beijo é continente
ou se a caixa é quem abarca.
a voz que cresce pequenamente
ou pulso sentimental que alarga.
 
segura uma caixa priscilla
e o que há dentro me chama.
não sei se sou eu quem faz vigilia
ou se é ela quem me ama.
 
:: imprevistos

é que talvez eu fique um pouco mais além do previsto e nesse meio tempo posso te preparar um chá...

15 julho 2004

:: amiga de samba



essa é a biancamaria binazzi, uma das pessoas que mais entendem de música que conheço. estagiária e amiga de samba.
amamos cartola e paulinho da viola. essa é uma homenagem ao maior sambista que existiu.

13 julho 2004

:: prica

conheço a priscila já há muito tempo. 6 anos, talvez. como ela morava perto de casa, sempre nos ocorreram oportunidades de voltarmos juntos da faculdade. conversávamos sobre muita coisa, reconhecemos angústias mútuas e rimos descabidamente das coisas.

já me salvou a vida essa menina.

existem inúmeras formas de dizer o quanto a priscila está presente. nos passos, no corte ou não da letra "t", nas cenas que lamento não ter tido uma câmera fotográfica, nos batuques e balaios. mas nenhuma diz com exatidão a minha gratidão.

daqui há alguns anos vou saber melhor o que ela representou nessa jornada. e vou saber melhor o que representará. a minha casa sempre será perto da dela.

12 julho 2004


:: time.machine.v.2.0


estou recuperando o time.machine. a nova versão é dedica à lua.

http://www.timemachine.hpg.com.br


11 julho 2004

:: web rádio do ccsp

a web rádio em que trabalho já está no ar. quem quiser ouvir é só entrar na página. a rádio é atualizada quinzenalmente.

http://www.centrocultural.sp.gov.br/radio/radio.htm

visitem e ouçam!


:: recado dominical

saudade!!!!!
Aqui os pores do sol sao os melhores marcio!
Devo cartas, eu sei.
Ando cansada demais mas quase tranquila e feliz
beijos
Ana

10 julho 2004

:: por onde você passa?

por onde você passa?
por onde
você passa?

quem vê os seus olhos?
quem vê através dos seus olhos?
quem vê mais que seus olhos?

o que fomenta suas dores de cabeça?
o que são os remédios da cabeça?
quanto custa não tomá-los para a cabeça?

onde você guarda as suas luzes?
de onde vem suas luzes?
quem acende suas luzes?

por que tão leve se sente o abismo?
a gente vai se encontrar no abismo?
quem a salva do abismo?

na sua presença onde está minha graça?
e você vai saber que para mim é uma graça?
por onde você passa?

08 julho 2004

:: estou cansado... quero te ver...

a sorrir eu pretendo levar a vida.
foi chorando eu vi a mocidade perdida.

06 julho 2004

:: um samba sobre o infinito ::

falei com a renata pelo msn. mais: vimo-nos pelas maravilhas da tecnologia e webcams. senti saudades. já souberam que a saudade é uma das dez palavras mais difíceis de traduzir? deve ser tanto quanto explicar felicidade.

havia 4 ou 5 anos que não nos falávamos direito. mágoas que vai se carregando por estupidez e teimosia. talvez já estivesse relevado isso há algum tempo. mas só hoje percebi que o tempo faz das suas. somos pessoas diferentes agora. o tempo não gasta a margem, molda segundo suas pertinências.

lembro-me do velho ale. aquele que pensava muito rápido e fazia piada de tudo. lembro-me de que eu mantinha a mente aguçada para evitar cair em suas armadilhas, porque certamente a luciana tornaria a humilhação ainda maior. lembro-me das doideras da nívea e da nossa vontade de que a joana estivesse mais próxima. lembro-me da elegância e graça da inocência do rodrigo. lembro-me de uma priscila ansiosa e a inquietude que saía pelos seus poros. lembro-me da giuliana avoada e percebendo aos poucos do que fazia parte. lembro-me da faride se aproximando e se afastando. lembro-me da leilla.

lembro-me de muita coisa. mas tenho esquecidas outras tantas. é natural. as prioridades mudam, o convívio determina e nós reagimos lembrando do passado com certa esperança.

combinei com a renata de retomar a velha amizade. de horas inteiras no telefone. nas tirações de sarro. um trato que não tem o valor desmedido dos tratados de amizade para toda vida. mas que é tão de coração que poderia ser.
:: reverso da paixão _ paulinho da viola

quem foi que fez a mágoa
e não pediu perdão?
se um grande amor acaba,
quem é que tem razão?
se o erro enfim se paga,
com tanta solidão,
o saldo a gente guarda pra depois
como recordação.
:: deitado olhando para o céu

o céu noturno é um raio-x sentimental da cidade.
as pessoas são estrelas.

cidades como são paulo são brilhosas demais para se enxergarem.

e a imagem da lua é proporcional a nossa vontade de amar.

05 julho 2004

:: oração

que os pólos do coração guiem teus pés,
e que faça sol e pouco frio quando teus olhos chegarem.

03 julho 2004

:: para quem volta

a vizinha está arrumando a calçada em frente de sua casa para receber o filho pródigo que volta doutor do estrangeiro. mães normalmente preparam festejos de quaisquer tipo, a vizinha só contratou 2 pedreiros que nem estarão por aqui quando ele chegar.

mas cada piso, rebaixamento e paralelepípido estará perfeito e ela, feliz se ele notar que foi ela quem escolheu as cores e reservou um espaço para um canteiro possível.
:: lost in translation

saudades da ana.

02 julho 2004

:: memórias de tênis

comprei hoje um par novo de tênis para aposentar meu all-star.escolhi um com sola macia e cheio de tecnologias para alentar a dor de quem anda. estreei e tive pressa, vontade de correr. lembro-me de quando era menino tinha o costume da pressa. tinha pressa de chegar. não esperava pelos outros. não era competição, era vontade de chegar a algum lugar. quando nossos passos são pequenos, tentamos compensar com velocidades e artimanhas.

hoje em dia, não ando tão rápido. mas não acho que perdi a pressa. são os sentidos que pedem para ser mais lento para saborear o que podemos alcançar e o que nos alcança.

e isso é pressa de viver também.
:: são paulo

são paulo é dessas cidades que escondem o céu.

o menino sai pelo portão da escola. olha e desacredita. começa a correr:

-- olha a lua! olha a lua!

como se pudesse alcançá-la.
:: secret garden

descobri um segredo. ela leva a vida como dança: nas pontas dos pés.
:: lição de casa

"sambista não tem valor, nesta terra de doutor"

vai alugar o meu tempo é hoje com o paulinho da viola e ser gauche na vida.
:: lá dos chiles

faz tempo que eu queria colocar este post da joana. é lindíssimo.

DIAFORITE

Depois do hospital fui dar uma volta. A cidade estava tranquila - ressaca pós-jogo. Ontem quase não consegui dormir com a gritaria da rua. Se não fosse o frio de lascar eu tinha ganhado o mundo. As pessoas estão realmente felizes.

Andamos devagarinho pelo bairro e fomos ao Zoo - a dois minutos de casa, já era hora. "Weekenders on our own, it's such fun".

Lembrei o caso do avô do meu avô Leão. Diz que um dia o velho, um bugre-bugre de São José do Egito - depois perguntam de onde veio essa minha beiça, olha aí a causa -, estava almoçando com a família. Levantou enquanto todos ainda comiam, sabe como é, coisa de gente que é dono de casa, rebanho de cabra e mulher. "Vou tomar meu diaforite", e saiu se espreguiçando em direção ao alpendre. Meu avô, menino então, ficou imaginando que diabo de remédio era aquele.

Remédio nada. Ele foi só tomar um arzinho. Lá fora. Aproveitar o dia, sabe?

:: faz uma semana e meia que marcamos compromisso

-- o que aconteceu com a gente?

-- em algum momento do caminho, as pessoas que amávamos esqueceram de nos amar.