a million parachutes

for us

31 dezembro 2002

:: ansiedade

ando sentindo ansiedade,
excesso de manteiga no pão e sucos muito doces.
não presto atenção no amassado de minhas camisetas e nem se minhas bermudas ainda estão umidas.
o café está muito forte e me contenho para não pular para a última pagina do livro.
aparentemente parece que já assisti a todos os filmes e conheço todos os ganhadores dos gameshows.
se uma ou outra notícia se mostra mais cor-de-rosa, surpreendo-me com alegria exarcerbada e não consigo deixar de ouvir a mesma fita com as mesmas músicas no mesmo walkman.

o tempo chuvoso, passa! o tempo ensolarado, passa!
o céu azul... nem era um céu azul quando nos despedimos.
as pessoas andam apressadas nas ruas... estão apressadas ou sou eu quem as apressa?
meus dedos nesse teclado não acompanham os meus pensamentos.
e meus olhos, o coração.

...ando sentindo sua falta.


eu (3:09 AM) : vc me escreve as coisas e nao manda?
tereza (3:10 AM) : foi o e-mail, se perdeu no temperamento difícil desse meu computador cansado...

30 dezembro 2002

:: validade

o tempo está do seu próprio lado.
envelhece a crosta da ferida;
renova as toxinas do afeto.
prazo máximo para a entrega de presentes corretos.
alguns dias a mais para as festas
e já renovou as esperanças nas lojas saturadas do shopping.

comprei felicidades,
mas atente-se ao prazo de validade na parte inferior.
:: condição humana

diga o que faz sentido.
seja espirituoso consigo mesmo
você nem de longe sabe ver
quem não e quem ama você.

não é essa, pois, a condição humana?
não, condição humana é ser espirituoso mesmo quando não faz sentido.
:: fim de ano

o ano é esse meio
e não há como nos encontrarmos.
vou perdendo os meses e ganhando esquizofrenia.
e verso a nossa inquietude.
o que nos espera o futuro?
o ano é esse meio tom
desafinando entre esperanças e contradições.
vou desejando cada vez mais e mais,
e me perdendo nas frustrações e cartas e caminhos reconhecidos.
vou voltando a mim como se nunca tivesse partido,
como se nunca tivesse te encontrado.
o que nos espera o futuro?
nós o esperamos simplesmente
quando deixamos de nos inquietar
para simplesmente contá-lo.

28 dezembro 2002

:: um milhão de pára-quedas

um milhão de pára-quedas aterrissam
com todos os nossos anseios até então não correspondidos.
invadem nosso céu, as sobrancelhas,
o topo do couro cabeludo queimado pelo céu das preocupações.

mais tarde algum noticioso dirá:
"é apenas novo",
mas ainda não.

um milhão de pára-quedas trazem
o melhor de cada um. vou me deixar ir.
vou me deixar ficar. vou me deixar estar.

um milhão de pára-quedas caindo a esmo
com os nossos desejos resolvidos.
e só temos o trabalho de encontrar o nosso pára-quedas
por aí, em outras mão que não as nossas.
e devolver a quem os outros pertencem.
para de repente nos encontrar.
:: peanuts

espero que nos vejamos ainda com freqüência.
talvez, uma vez por semana. quem sabe de quinze em quinze dias?
te ligo no aniversário assim você liga no meu.
e mando cartões cada vez mais rarefeitos de ternura.
uma ternura que não falta mais.

e lhe envio os cinqüenta anos das tiras do snoopy.
uma por dia, ou talvez por mês.
até que esqueçamos porque gostávamos tanto de charlie brown,
até que pare de mandar tiras porque seremos vencedores
e não tenros perdedores como charlie brown.

e não era por isso que gostávamos dele?

27 dezembro 2002

:: pisca-pisca

no ritmo de qual coração piscam todas essas luzes de fim de ano?
do seu?
do meu?
das pessoas que amamos?
do diretor da eletropaulo?

como são tristes essas luzes que piscam sem nenhuma taquicardia ocasionada por algum outro coração.


tereza com a tez branca, entusiasmada em ir a bahia. para quem sabe morar e ter filhos:

-- tereza, mas você não tem cara de baiana.
-- ah, mas não é cara, é coração.
:: amigos

tenho amigos que não entendo os motivos que levam a gostar de mim.
também não compreendo porque gosto tanto das pessoas e fico imaginando quantas pessoas procuram saber os motivos que me fazem gostar delas.

e quantas indecisões como essa configuram nosso gostar, condicionam nossa fidelidade, consomem nossos gestos, desvirtuam nossa percepção de afeto?

nossos amigos que são mais afeto que motivos, entendimentos e gosto.

26 dezembro 2002

:: presentes

nem tive tempo de comprar os presentes devidos;
nem tive tempo de lembrar a quem preciso dar presentes.
e nem posso tirar alguns dias,
porque é preciso de dias para pesquisar os melhores preços
para que não fique riscando nomes da lista.

é melhor que tivesse mais dinheiro
ou menos nomes?

é melhor que tivesse tempo.

25 dezembro 2002

muitas horas no icq, onde andam meus amigos?
perdi o jornal das oito e considero o filme que vai passar logo depois ruim.
os livros parecem mais grossos embora as letras estejam maiores.
no laboratório de minha gaveta, muitas anotações para cartões postais,
despedidas fingindo ser abraços de benvindos.
alguém online: occupied. não incomodarei.
away: talvez mais próximo do que imagino.

deveria ter um status: saudade.
fico feliz quando encontro papeizinhos com anotações
entre páginas dos livros que li.
como minha letra era diferente,
quantas palavras deixei de usar,
e que amores diferentes já tive.

anoto tudo isso e deixo num outro livro
e já não sei mais o que é memória.
like a million parachutes the snow`s coming down
i'll lock up the front door and turn the lights down
in the glow of the street lights, i see them descend
like a million parachutes, small men on a mission

i miss the warm, i miss the sun
i miss the ocean, i miss everyone
i miss the bridges that span across the bay
tonight it seems like ages ago

like a million parachutes the snow still falls
the dogs are asleep now, there's no one to call
i'll put on some records and wait for the light
all those million parachutes, now a blanket of white

a million parachutes by sixpence none the richer
...a million parachutes.